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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Escassez de mão de obra desafia setor da construção civil

Mercado segue aquecido, mas falta de profissionais qualificados compromete prazos e qualidade dos projetos

Apesar do cenário promissor impulsionado pelo crescimento de nichos como studios e construções residenciais de alto padrão, o setor de obras e reformas no Brasil enfrenta um paradoxo preocupante: a escassez de mão de obra qualificada. Essa realidade tem ocasionado atrasos em cronogramas e comprometido a qualidade das entregas.

A arquiteta Camila Palladino, do escritório Palladino Arquitetura, destaca que, embora o mercado esteja aquecido, os desafios enfrentados pelos profissionais do setor são cada vez mais complexos. “A arquitetura vive hoje um momento de grandes desafios, mas também de muitas oportunidades. O mercado está em expansão, mas exige uma atuação multidisciplinar, com profissionais mais preparados para lidar com novas demandas e tecnologias”, ressalta.

Segundo ela, a principal dificuldade não está apenas na escassez numérica de trabalhadores, mas na baixa qualificação técnica e na falta de comprometimento profissional. “É raro encontrar alguém com domínio técnico, leitura de projetos, capacidade de planejamento e senso de responsabilidade, tanto nas áreas hidráulica quanto elétrica — profissionais que saibam executar conforme as especificações técnicas”, pontua. Camila também chama a atenção para a dificuldade de encontrar perfis essenciais, como pedreiros, encanadores e mestres de obras, com conhecimento atualizado e postura condizente com as exigências do setor.

A escassez também afeta a gestão de pessoas, comprometendo a capacidade das empresas de formar e manter equipes coesas, produtivas e engajadas. Para Rafael Gregório Jaworski, diretor de Gente e Gestão do grupo Romitex, trata-se de um desafio estrutural e de longa data. “Infelizmente, a escassez de mão de obra é um entrave que afeta diversos setores da economia, e o segmento de obras e projetos não é exceção”, afirma.

Entre os fatores que agravam o cenário estão a baixa atratividade das carreiras na construção civil, os ciclos econômicos instáveis, a defasagem educacional, as condições de trabalho inadequadas e a remuneração, muitas vezes, incompatível com as exigências do ofício. A ausência de programas de qualificação contínua e a mudança no perfil dos trabalhadores — que hoje priorizam flexibilidade, segurança e propósito — também figuram entre os principais obstáculos enfrentados.

Apesar das adversidades, Rafael enxerga um futuro promissor para as empresas que apostarem em estratégias de valorização e desenvolvimento humano. “É um mercado em plena expansão, e o reconhecimento do papel estratégico da gestão de pessoas tem crescido significativamente. Cada vez mais organizações compreendem que investir em capital humano é essencial para a transformação de suas realidades”, destaca.

Como alternativas para enfrentar o cenário, o executivo defende a implementação de estratégias sólidas de capacitação e retenção de talentos, como programas internos de recrutamento para cargos táticos e estratégicos, políticas salariais baseadas em meritocracia e bonificações por desempenho, além da construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e motivadores.

A ampliação de parcerias com instituições de ensino técnico e superior, a oferta de capacitação contínua, o fortalecimento de benefícios e a valorização de jovens talentos também são apontadas como medidas fundamentais para reverter o atual quadro e assegurar a sustentabilidade do setor.

O caminho a, necessariamente, pelo investimento nas pessoas. Somente assim será possível alinhar crescimento com qualidade e responsabilidade no setor da construção civil”, conclui Rafael.

Autora:

Bruna

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